quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O que o próximo ano espera de você

[Você pode ler este texto ao som de: Goo Goo Dolls - Better Days]

Todo final de ano é a mesma coisa: fazemos um balanço de tudo que nos aconteceu, listamos do que pretendemos realizar no ano seguinte, nos vestimos de branco (ou azul, verde, vermelho, amarelo) para atrairmos o que desejamos, nos abraçamos, ligamos para quem amamos e agradecemos por ter sobrevivido mais um ano. Todo 31 de dezembro realizamos esse ritual e pedimos que o próximo ano, enfim, nos traga coisa boas. Mas, espera um pouco. Não é o ano que vai trazer o que desejamos e, sim, nós mesmos.

A gente tem essa mania preguiçosa de esperar que um ano seja melhor do que o outro sendo que quem tem que correr atrás disso somos nós. Se quisermos ter um ano bom, temos que correr atrás de todas as coisas boas que são colocadas em nossos caminhos. Todas as oportunidades que aparecem em nossas vidas, tem o poder de trazer algo novo para nossa biblioteca de aprendizados. Cabe a nós prestar atenção quando elas aparecem e agarrar com toda a força de vontade que tivermos.

Não basta só querer um ano bom, temos que construí-lo. Olhar além das tristezas e decepções que passarmos. Entender que sem suor não existe vitória. Levantar da cadeira e começar a verdadeira maratona que é a vida. Dar a cara a tapa e, ao invés de ficar lamentando se algo deu errado, reunir força para segui em frente. É muito fácil ficar sentado de braços cruzados esperando que o ano traga as coisas enquanto você está de braços cruzados e reclamar de tudo.

Quer algo? Corra atrás. Não deu certo? Tenta de novo de uma maneira diferente. Não conseguiu mesmo assim? Bola pra frente, existem milhões de outras coisas que ainda se pode tentar. Estude, ria, ame, brigue, grite, abrace, trabalhe, reclame, agradeça, caia, levante, se aborreça, se alegre, tenha esperança, se decepcione, seja incondicional, viva incondicional. A vida é muito para fazermos tão pouco. Faça você o seu ano e agradeça por mais esta chance. Feliz ano novo!



domingo, 20 de dezembro de 2015

Questão de tempo: muito mais que um filme

[Você pode ler este texto ao som de: Today Has Been Ok - Sleeping At Last]

Você já teve aquela vontade de voltar no tempo para reviver um dia muito bom? Ou para consertar aquela besteira que foi dita ou feita? Ou evitar que algo ruim aconteça? Em Questão de Tempo, Tim (Domhnall Gleeson) aos 21 anos descobre que é capaz de voltar no tempo. E a única questão que o ronda para que ele viaje no tempo, é sobre o amor: encontrar o verdadeiro e ajudar os que ama. O filme vai mostrando as coisas boas e ruins que acontecem cada vez que ele volta no tempo e tenta consertar alguma coisa. Mas esse filme traz muito mais que uma diversão, ele te faz parar pra refletir sobre nossos atos.

Que atire a primeira pedra em um teto de vidro quem nunca quis voltar no tempo para dar um último abraço, para evitar aquela briga, para ter dado o beijo que gostaria, para falar o que estava preso na garganta e sufocando o coração. Todos nós já desejamos dar uma visitinha no passado. (In)felizmente isso é impossível, é algo que só acontece em filmes mesmo. Mas, já percebeu como perdemos tempo querendo reviver coisas que já foram boas e esquecemos que coisas melhores ainda podem acontecer? É isso que o filme mostra.

Ficamos, às vezes, tão obcecados com os erros do passado, com tudo que já deixamos de fazer, que perdemos a esperança de que dias, histórias, pessoas, lugares e sorrisos melhores virão. Ficamos querendo mudar ou planejar tudo o que fazemos, e quando dá errado, ficamos nervosos ou chateados e esquecemos de pensar que tudo que aconteceu tinha que acontecer. Era assim que deveria ser, exatamente desse jeito, sem tirar ou colocar uma vírgula. 

Entender que algumas vezes as coisas podem dar errado (ou muito certo), que o universo tem uma força maior e que ele é responsável por traças nossos destinos, é um passo para a evolução como pessoa. Podemos sim desejar que muitas coisas tivessem sido diferentes, que pudéssemos voltar e agir diferente. Mas já que não podemos fazer isso, temos que aprender a lidar com o peso de cada escolha, abraçar o que o destino nos traz e aprender com cada momento vivido. Afinal, a vida é só uma e não podemos repetir nenhum dia. Meu último conselho é: assista ao filme e receba um tapa de luva para acordar também.

Frases marcantes do filme

- Todos os detalhes da vida são importantes;
- Ninguém pode te preparar para o amor e para o medo;
- A vida é uma caixa de surpresas, não importa quem você é;
- Nenhuma viagem no tempo faz alguém amar você;
- Talvez eu seja a fracassada. Toda família tem alguém que fracassa, que não se forma, que tropeça, que a vida derruba. Talvez eu seja a nossa fracassada.
- E no final, eu acho que aprendi a minha lição com as minhas viagens no tempo. E ainda dei um passo a mais que o meu pai. A verdade é que eu não volto mais no tempo, nem por um dia. Tento viver cada dia como se eu tivesse voltado para este dia para curti-lo como se fosse o dia final da minha extraordinária e simples vida.





quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Se permita sentir

[Você pode ler este texto ao som de: Zeca Pagodinho - Deixa A Vida Me Levar]


Quando alguém sai de nossas vidas, deixando inúmeras marcas e memórias, sempre pensamos em nos fechar para balanço. Não queremos nos envolver, conhecer novas pessoas e lugares. Queremos distância do novo e do que um acaso dos destino pode nos trazer. Preferimos ficar numa concha, isolados, pensando no que poderíamos ter feito de melhor ou o que poderíamos ter mudado, se tivéssemos seguido aquela intuição então, nem se fala. 


Eu sempre fui uma pessoa que não soube fazer as coisas no meio termo. Ou sinto demais ou de menos. Em 99,9% dos casos, o sentir demais sempre se fez presente. Acho que isso se deve ao fato de sempre me permitir demais. Me permitir sair, curtir, conhecer novas pessoas, viajar, ficar um tempo sem celular, sem neuroses, conhecer novos drinks e novas risadas. Se permitir sentir a vida é uma das coisas mais difíceis que alguém pode fazer por si mesmo, depois do adeus de alguém.

Quando alguém sai de nossas vidas temos dois caminhos: 1. ficar preso ali, naquele sofrimento, nos martirizando por atitudes que já estão no passado e não irão mudar e 2. permitir que a brisa leve embora nossas dores e seguimos a vida em frente, nos surpreendendo e agradecendo por cada momento novo vivido. E, posso dizer com toda a experiência? O segundo caminho é bem melhor e mais leve de se seguir. Claro que existem os tropeços nele, mas é pra isso que estamos vivos, para aprender em todos os caminhos que escolhermos seguir.

Sei que é difícil se permitir viver feliz e abraçar a vida quando alguém que amamos decide ir embora, mas temos que agradecer o tempo que ela esteve em nossa vida, entender as lições que nos foi passada com ela, respirar fundo e lembrar que ainda temos muito o que viver pela frente. Ora, você viveu tantos anos sem aquela pessoa, por que não conseguiria viver agora? As despedidas também fazem parte. 

Por isso, meu conselho é que você se despeça da sua concha e de toda a tristeza que carrega consigo e vá viver a vida. Vai curtir a vida, fazer aquela viagem que você sempre sonhou, conhecer aquele bar, fazer aquele curso, comprar aquela roupa, radicalizar no corte de cabelo, beber, rir, dançar, gritar de alegria. Vai viver a vida! Ainda tem muita coisa boa por vir aí. Pode acreditar!


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Você vai ficar parado no sofrimento?

[Você pode ler este texto ao som de Try - Pink]

Muito se vê por aí pessoas paradas observando a vida acontecer. Essas pessoas estão sofrendo por algo que não deu certo, estão se martirizando por seus planos terem dado errado, estão desanimadas demais para pensar em uma solução para dar a volta por cima e chegar aonde desejam. Tudo bem ficar triste porque o seu plano não seguiu como você gostaria, mas só por causa disso você tem que ficar deitado na cama remoendo um fracasso? Acho que não.

O problema dessas pessoas é que elas não vêem no fracasso um motivo para aprender, uma lição que foi ensinada de forma dura, preferem ficar focando no negativo a pensar além. Seria muito mais fácil se todos os nossos planos seguissem o rumo que queremos, desse jeito não haveríamos com o que preocupar, mas somos ensinados desde cedo que não é assim que a banda toca. Por mais que fiquemos horas planejando nossas coisas, nosso futuro e arquitetando a melhor forma de tudo correr bem, nada vai seguir 100% do jeito que queremos.

Veja bem, se tudo ocorresse corretamente, se nossos planos concretizassem em 100%, sem dor de cabeça nem nada, como poderíamos saber o que melhorar numa próxima vez? Como tiraríamos lições importantes para nosso aprimoramento pessoal? Vou colocar um exemplo: você começa o ano fazendo uma lista de metas, sonhos e desejos a serem seguidos. O ano passa e você vai realizando alguns itens, mas de repente o item número 1, cai por terra e você não vai poder consegui-lo, não este ano. E aí, você fica para baixo e pensa o que você fez para merecer essa decepção. Então você desiste de todas as outras coisas que queria realizar e fica parado sem vontade de fazer qualquer outra coisa. Este exemplo foi comigo e até eu entender o que a vida queria me dizer quando me tirou o que tanto queria, demorou um tempinho. Até que um dia percebi o que tudo aquilo queria dizer.

O que eu quero expor para vocês é que não adianta ficar pensando no que poderia ter sido, no que vai ser. Tudo acontece como e na hora que deve acontecer, sem pressa e sem pressão. Não adianta ficar remoendo o que deu errado, pegue a lição que você aprendeu e continue tentando tudo que for possível até dar certo. A tristeza adora companhia. Ficar parado lamentando só vai te trazer mais sofrimentos e atrasar seu progresso. Deixe o passado para trás e vá encontrar o futuro. E quando você cair, levante-se rápido. Outras coisas melhores podem acontecer para você.

"Merdas acontecem, mas a vida continua."

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O que é o amor?

[Você pode ler este texto ao som de: Hands of Love - Miley Cyrus]

Segundo o dicionário amor é um substantivo masculino que significa, principalmente, forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais. Mas, é só? Existem tantas formas de demonstrar amor ou de senti-lo. Tantas formas de proclamá-lo. Colocar que amor é uma afeição à uma pessoa é limitar esse sentimento tão grande e lindo que temos o privilégio de sentir. 

Este sentimento que tanto insistimos em procurar está em pequenas coisas que julgamos serem apenas coisas cotidianas, simples, que acontecem frequentemente. Podemos estar tão acostumados com esses atos, que acabamos por banalizá-los e esquecemos a beleza dele. Esquecemos que por trás de cada atitude que julgamos normais, foi movida por amor ao próximo. Sim, qualquer coisa que fazemos pensando no bem do outro, é o famoso amor ao próximo. Quando você se perguntar aonde está o amor, lembre-se de algumas coisas que acontecem na sua rotina.

Amor é quando sua mãe tem um jantar comemorativo para ir e fica em casa cuidando de você; quando seu cachorro chora de emoção quando te vê passando pela porta; quando seu pai traz aquele presente inesperado de uma viagem que durou meses. Amor é quando seu amigo aparece na sua casa depois de ligar dizendo que você precisava dele ali em menos de cinco minutos; quando o garçom traz a sua comida (sério, isso é muito amor); quando você para por dez minutos a correria do dia-a-dia para ouvir a história de um senhor idoso ou de um morador de rua. É quando você finalmente vai conhecer o país que tanto sonhou; quando sua avó faz bolo de fubá e seu avô conta uma história dos tempos em que era jovem; quando a família toda está reunida para um almoço de domingo. É quando uma mãe e um pai seguram no colo seu bebê recém-nascido; quando seu tio te acolhe na casa dele; quando alguém segura sua mão seja num momento bom ou em um momento ruim.

Amor é quando seu/sua namorado (a) sai correndo de onde estiver para ter mais cinco minutos com você; quando seu gato ronrona enquanto brinca com você; é quando um casal junto há 50 anos está sentado no banco do parque. É quando mesmo sem esperança nenhuma, aparece um ombro amigo inesperado para te acolher; quando alguém te oferece uma carona de guarda-chuva; quando você sorri para o caixa do banco, porteiro, faxineira. É quando alguém te dá bom dia, boa tarde, boa noite mesmo não te conhecendo; é quando algum desconhecido sentado do seu lado conversa com você no avião porque percebe que você tá em pânico; quando você ajuda uma senhora, um senhor, um deficiente visual à atravessar a rua; quando você brinca com uma criança.

Amor nada mais é quando você para de olhar só para o seu umbigo e resolve olhar e cuidar do próximo. Quando deixamos de lado o nosso ego, percebemos que ainda existe muito amor no mundo disfarçado de boa ação, uma conversa, uma ajuda, um sorriso. Amor é o que nos faz levantar da cama de manhã cedo (o despertador também, claro!). Lembre-se sempre que em cada gesto simples, sempre terá uma pitada de amor e, quanto mais praticarmos, mais fácil encontraremos ele por aí.

João 13:34 "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei; que dessa mesma maneira tenhais amor uns para com os outros."


sábado, 26 de setembro de 2015

A família é constituída de amor

[Você pode ler este texto ao som de: One Love - Bob Marley]

Nunca fui muito de expor minha opinião na internet pelo simples fato de não gostar da polêmica que causa, mas devido as últimas notícias, hoje gostaria de me pronunciar. Segundo os deputados que criaram o estatuto da família, dois homens ou duas mulheres com uma criança não representam uma família. O que representa é um pai e mãe juntos, ou um pai ou uma mãe cuidando sozinho dos filhos/dividindo a guarda.

Quem são essas pessoas para dizer que um casal de homens ou mulheres são menos família que um casal heterossexual? Quem são essas pessoas para dizer que eles não podem se considerar uma família? Família é amor, união, é poder sempre ter alguém pra contar com um abraço, ter alguém que exija o melhor de você e que te ajude a criar o seu caráter e um casal homossexual, tem total capacidade e direito de exercer todas as funções e algumas a mais para o seu filho. Eles não podem ser simplesmente discriminados por conta da sua orientação sexual.

O filho abandonado pela família pai e mãe, pode ser acolhido com todo o amor do mundo por um casal homoafetivo que constrói uma vida juntos e que gostariam de realizar o sonho de constituir uma família. Uma criança que espera há anos em um orfanato, sente-se imensamente agradecido por não ter só uma, mas duas mães que vão poder lhe dar todo o amor que lhes foi privado.

Esse pensamento arcaico de que gays e lésbicas não devem ter seus direitos respeitados deveria permanecer em 1930 para baixo. Está na hora de tirar as vigas dos olhos e enxergar que eles tem tanto amor para dar quanto qualquer outro tipo de casal, algumas vezes, até mais. Uma criança ser criada por um casal homoafetivo não vai afetá-la e sim, ensinar que ela deve ter respeito por todos os tipos de amor que existem e por todas as pessoas. Porque no final, o amor é quem ganha.

PS: Muitos seriados dos Estados Unidos mostram que a família homoafetiva merece respeito, por exemplo: Modern Family, Grey's Anatomy, Brother & Sisters, etc.








quinta-feira, 16 de julho de 2015

O lado bom de ser você mesmo

[Você pode ler este texto ao som de: It's My Life - Bon Jovi]

Em um processo de crescimento, de passagem para a fase adulta, algo que comecei a perceber como de extrema importância é se você se sente confortável em ser você mesmo com alguém. Poder rir, contar piadas sem graça e casos ridículos, beber, comer, não mudar uma vírgula de sua personalidade para agradar alguém e descobrir que, mesmo você sendo do jeito que é, a pessoa ainda te quer ali, é algo mágico.

Não, não é todo mundo que te aceita do jeito que você é. Essas pessoas são raras de achar e quando você as encontra, percebe que não faz sentido nenhum tentar ser algo que você não é para agradar alguém. E eu não digo isso somente no quesito romance, digo isso até nas relações familiares e com amigos. Nós perdemos tanto tempo nos lapidando pelo julgamento dos outros que nem nos damos conta da essência que perdemos de nós mesmo. 

Somos como fórmulas químicas, que se retirados uma letra ou número, altera toda a composição e se torna outra coisa. Somos peças únicas, receitas únicas, livro únicos. Carregamos, cada um, uma história diferente, com cicatrizes e bagagens diferentes. E perdermos isso, ou até mesmo termos vergonha disso, porque alguém não aceita o rascunho que somos de nós mesmos, é totalmente errado. 

Repare para você ver em festas de famílias ou de amigos ou em qualquer lugar, como é fácil ser julgado por ser quem é. Por não ter medo de demonstrar suas histórias, marcas, fraquezas. Pessoas vão te julgar. Seja por ser homossexual, por ser tatuado, por apostar mais no trabalho que na faculdade (ou vice-versa) ou apenas por você não ter medo de mostrar quem é e não mudar isso.

Por isso te digo: não tenha medo de demonstrar quem é e nem mude para ser aceito. Não tenha vergonha de suas cicatrizes e da sua personalidade. Quem te aceita, vai te amar do jeito que é, seja essa pessoa um amigo, sua família, um amor. Mas não tente, de forma alguma, se encaixar no modelo de alguém. Se tem uma coisa que aprendi sobre isso, é que isso não trará nada além de sofrimento para você.

"Seja você mesmo e pare de tentar ser os outros."

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Opinião

Juliana é uma mulher de muitas opiniões. Para todos os assuntos e pessoas ela tinha opiniões. Não havia nada em que não opinasse. Muitas pessoas entendiam seu jeito, mas eu não. Não via necessidade de ter que expor a opinião tanto assim. 

Dia desses eu estava conversando com uma amiga e Juliana estava na roda. Comecei a falar sobre as vantagens de morar em outro país por um tempo e eis que tenho que ouvir:

- Acho que, primeiramente, para dar certo em algum outro país você tem que amar e querer mudar o seu país primeiro - disse Juliana, claro que a opinião dela não poderia ficar de fora.

Preferi não entrar em detalhes e apenas respondi:

- Juju, por que essa necessidade de mostrar sua opinião sempre? Eu não pedi, guarde-a para você.

Juliana tentou argumentar dizendo que ela dava opinião quando quisesse e que era assim que as coisas funcionavam no mundo. Apenas disse:

- As pessoas são livres para dar opinião sim, mas não precisa fazer disso obrigação. Às vezes, a gente não quer conversar e falar sobre as coisas, sem ter que ouvir opinião ou crítica nenhuma.

Ela abriu a boca para falar algo, mas fechou. Despistou e foi embora. Nesse dia ela aprendeu que, algumas vezes, é melhor ouvir calado.


sábado, 2 de maio de 2015

Foi você

[Você pode ler este texto ao som de: You and Me - Lifehouse]

Foi você. Sempre foi você. Eu já sabia que seria você desde o instante em que nossos olhares se cruzaram naquela festa em que não queríamos estar. Estava exagerado de frio e eu não buscava me esquentar no abraço de ninguém, só na cachaça.

Foi você no primeiro beijo. Na primeira risada. No primeiro filme. No primeiro restaurante. Na primeira noite. Parecia que tudo se encaixava entre nós dois e a gente se encaixava também. Parecia um quebra-cabeça de 5.000 peças que finalmente estava pronto.

Foi você na primeira lágrima derramada. Na primeira briga por bobeira. Na primeira noite que dormimos sem nós falar. Na primeira vez que deixei o orgulho de lado e pedi desculpas.

Foi você até quando eu não quis que fosse você. Quando eu não queria saber de nada e nem ninguém, foi você quem veio se instalar sem permissão e convite em mim.

Sempre vai ser você a pessoa que mudou totalmente quem eu era, fazendo com que eu me tornasse uma pessoa melhor. Sempre vai ser você o alguém que conseguiu me fazer amar mais ainda, mesmo quando a raiva bateu.

Foi você é sempre será você a pessoa que sempre marcou minha vida e será sempre lembrada.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

Você tocou minha alma

[Você pode ler este texto ao som de: You Touch My Heart - Phil Collins]

Em meio a fumaça do cigarro, aos olhares já embaçados por causa da bebida e uma dor de cabeça que dava vontade de arrancar meus cabelos, eu percebi você.

Aquele sorriso de canto de boca, meio que já me colocando no seu jogo e me fazendo delirar. Uma caneca de chopp e seus olhos me fitando como se tentassem descobrir meu maior segredo são as coisas que mais me marcaram naquela noite.

Você me disse que gostava de música, não tinha um gênero certo e melhor para você. "Eu amo música, é a única coisa que pode salvar alguém". Você disse gostava de literatura estrangeira, física quântica e filosofia. E eu pensei "Como pode alguém ser dessa proporção de genial?"

Você me levou para a sua casa, me fez delirar com seus beijos e toques. Curou minha ressaca no dia seguinte com um café bem forte, como se já soubesse o que eu gostava de tomar de manhã. Sem que eu percebesse pegou meu celular e ligou para o seu pra salvar meu número.

Eu me arrumo para ir embora e seguir minha vida, mas você me puxa para um beijo de bom dia. E ali eu soube que a partir daquele dia, todos os meus dias começariam assim.



domingo, 19 de abril de 2015

Tudo que você precisa é se perdoar

[Você pode ler este texto ao som de: Whatever - Oasis]

Durante muitos anos, eu sempre me critiquei, me coloquei abaixo dos outros, me fazia sentir inferior às pessoas, não me achava boa o suficiente ou capaz de nada. Não via em mim alguém que pudesse brilhar, que pudesse fazer grandes feitos. Achava que tudo de ruim que acontecia ou que os problemas das outras pessoas, eram todos por minha culpa porque eu simplesmente não sabia fazer nada certo. Eu não me perdoava por errar algo que tinha planejado por muito tempo. Se eu errava, eu me punia me colocando ainda mais para baixo. Mas agora, com os 23 anos batendo à minha porta, eu aprendi algo importante: a me perdoar.

O meu perdão comigo mesma começou recentemente quando percebi (finalmente) que muitas das coisas que aconteciam de ruim, não eram minha culpa ou simplesmente não eram para acontecer. E então eu fui colocando pequenas coisas que eu não perdoava em mim antes, em processo de reconciliação comigo e com a minha paz. Não era minha culpa meu pai ter saído de casa cedo ou de alguém sair da minha vida. Não era minha culpa se a pessoa se sentia mal por uma problema que ela não poderia resolver ou porque alguém resolveu ser grosseiro comigo. Não é minha culpa se alguém não tem paz de espírito ou seja mal caráter. Várias coisas simplesmente não tem nada a ver comigo ou com você, leitor(a).

Sabe, quanto mais a gente pensa que é o culpado por tudo de ruim que acontece conosco e com os outros, mais a gente se sabota, mais minamos nossa autoestima, mais vamos descendo até o fundo do poço para fazer companhia à Samara. E com tudo isso, fazemos um mal enorme à nós mesmos, porque a cada vez que nos culpamos por algo que não tem nada a ver com a gente, mais a gente murcha por dentro e se machuca criando espinhos venenosos dentro de nós. E é cruel isso, porque, quando nos damos conta do que estamos fazendo com a gente, pior a gente se sente. Aí meu (minha) amigo (a), precisamos de uma força descomunal para subir a parede do poço e fechá-lo mais uma vez.

Por isso, se você já se colocou como culpado(a) por algo dar errado, por alguém ser um completo idiota com você, por não ter conseguido algo: se perdoe. Não fique se matando por isso, ninguém é imune de erros. Muitas vezes são eles que nos fazem crescer. E se achar que algo que nada tem a ver com você, nem 0,01% de chance de ter alguma culpa sua, não se ponha como culpado(a) jamais. Seja a paz que você quer para você, seja o perdão que gostaria de receber e seja confiante o suficiente para saber que ninguém pode te diminuir.


quarta-feira, 25 de março de 2015

7 coisas sobre mim

Vi essa tag no blog da Isabela Freitas e resolvi responder para que me conheçam um pouco. 

Tem várias categorias aqui e é preciso listar 7 coisas de cada uma. Vamos conferir? 

7 coisas para fazer antes de morrer? 
  1. Morar um tempo na Alemanha
  2. Fazer uma volta ao mundo
  3. Fazer um curso de fotografia
  4. Ter um cachorro e um gato
  5. Ler mil livros
  6. Ter meu próprio espaço
  7. Aprender a me maquiar


7 coisas que mais falo?
  1. Véi do céu
  2. Nossa Senhora
  3. Ai menino (a)
  4. Uai, eu hein?!
  5. Para! Que coisa!
  6. Beleza então
  7. É mesmo? Hummmmmm. Entendi


7 coisas que eu faço bem? 
  1. Macarronada
  2. Escrever
  3. Dormir
  4. Dar um ombro amigo
  5. Ler
  6. Perceber quem gosta de mim e quem não
  7. Saber quando uma pessoa é ruim


7 coisas que me encantam?
  1. Fidelidade
  2. Bom humor
  3. O céu em noite clara
  4. Filhotinhos
  5. Livros antigos (1900 pra baixo)
  6. Pessoas solidárias
  7. Mulheres que sabem fazer maquiagem


7 coisas que eu não gosto?
  1. Falsidade
  2. Gente que pisa no outro pra ficar por cima
  3. Gente que tem necessidade de aparecer
  4. Inveja
  5. Que não tenham coragem de falar na minha cara
  6. Que duvidem da minha capacidade
  7. Que me acusem de algo que não fiz


7 coisas que eu amo?
  1. Pizza
  2. Cerveja
  3. Músicas, livros, filmes, seriados
  4. Alemanha, Bayern 
  5. Ficar de pijama em casa
  6. Boteco com amigos e namorado
  7. Dormir e comer

sábado, 21 de março de 2015

Preso pela escolha

[Você pode ler este texto ao som de: Adam's Song - Blink 182]

Prisão. Grades. Desespero. Aonde quer que eu fosse, só era possível sentir meu ar acabando. Meu peito doía porque eu não sabia o que fazer. Eu estava encurralado em mim mesmo. Eu estava preso no meu próprio destino. Eu queria sair, precisava sair dessa prisão corporal, precisava me livrar do peso de conviver com minha própria escolha.

Olhei de um lado para o outro e via todos aqueles rostos me olhando como se eu fosse louco, mas eu não era. Era só um cara que não sabia lidar com uma escolha para lá de errada. "Como eu fui deixar escapar a oportunidade da minha vida? Como eu fui escolher tão errado? Como eu fui burro!" e socava a cabeça, aos prantos e desesperado. Não sabia para onde correr. Acho que não sabia nem como correr mais, pois minhas pernas estavam pesadas e não me obedeciam mais. Eu só queria sair do meio daquele multidão de pessoas vazias que estavam contentadas com as decisões que haviam tomado em suas vidas. Como conseguem conviver com um espírito tão pobre?

Consigo correr para uma estação de metro próxima e pego o que aparece. Desço em qualquer estação, quando vejo é a New Lots Line. Era essa a estação a qual a vi pela primeira vez. E agora ela estava na minha casa, chorando, porque sabia que eu tinha escolhido errado. Meu irmão, deixa eu te dizer: não existe nada pior do que escolher errado nessa vida. Eu tinha uma chance e desperdicei. 

Mas agora era tarde demais. Eu precisava acabar com essa agonia da escolha errada. Uma vez dentro, eu não podia mais sair. Eu tinha que acabar com aquilo. Outro metrô estava vindo, é agora, é minha chance. Eu vou... 


segunda-feira, 16 de março de 2015

Meia noite

[Você pode ler este texto ao som de: Midnight Bottle - Colbie Caillat]

Oi!

E aí? Sei que é repentino, mas estou aqui bebendo uma garrafa de vinho num sábado à noite e resolvi te escrever. A toa mesmo.

Quanto tempo se passou desde o último dia que nos vimos? Já não lembro mais. Anos? Deve ser. É uma decisão e tanto retirar uma pessoa da nossa vida. E como eu fui forte de te tirar da minha. Sabe, eu não guardo raiva, mágoa, ódio ou qualquer sentimento ruim contra você. De verdade. Eu sempre soube que nunca chegaríamos a lugar nenhum, mas eu percebi isso antes de você.

Se lembra das noites que passávamos em hotéis baratos acordados em um país escolhido de última hora? Foram boas noites (e dias) não? Incrível como eu consigo reviver aquelas novas experiências e me sentir bem, sem lembrar que vivi ela com você às vezes. É, é isso mesmo que você leu. Tem hora que eu não lembro que você passou pela minha vida. Não é que você não tenha sido importante para mim, foi sim. Muito! Só que quando a gente reconhece que alguém não se encaixa e nunca vai se encaixar na nossa vida, fica tudo mais fácil.

Parece até frieza da minha parte, mas não é. Eu te superei quando ainda estavámos juntos e bem. E isso acabou comigo por dentro durante o tempo em que fingi que estava tudo bem entre nós. Mas, me desculpe, eu não conseguia levar adiante. Por isso não volto mais à Paris. Se aquela era a cidade do amor, pode ter certeza que ela levou todo o que eu tinha por você embora. E é por isso que a Torre Eiffel não faz mais sentido para mim. Igual você não fez mais sentido para mim naquele dia. Me desculpe ser tão franca assim. Você sabe que esse é meu maior defeito/qualidade. 

Apesar do tempo que já se passou (ainda não lembro quanto) eu te desejo o melhor. Sempre. Você foi especial, por um curto período, mas foi. Espero que continue sempre bem, que esteja com saúde, que esteja alegre como sempre foi, que tenha encontrado alguém que te fizesse o bem que eu não quis fazer. É isso, adeus de novo.



sábado, 28 de fevereiro de 2015

A vida é uma pizza

[Você pode ler este texto ao som de: Space Oddity - David Bowie]

Chegando ao fim do desafio dos 25 temas, hoje eu tenho que falar do meu alimento favorito, que não é novidade: pizza! Mas não é sobre a maravilha desse coisa divina que eu quero falar. Eu quero fazer uma comparação com a vida.

Veja bem a massa da pizza: ela é batida, socada, um rolo compressor a esmaga, então roda, roda, roda (rodou!), é jogada pro alto. Tudo isso no maior tédio, como de costume. A vida não fica muito diferente. A gente leva umas pancadas boas, é esmagado, deseja que o mundo gire de novo e continua vivendo o ciclo.

O molho, é como se fosse a base que se pode comparar com escola, trabalho, amigos, família, namorados(as), ou seja, tudo aquilo que é comum para todos. Nascer, estudar, trabalhar, conhecer alguém e morrer.

Agora, o melhor são os complementos. Na pizza, pode ser queijo, presunto, calabresa, cebola, tudo que faça o gosto dela ficar melhor e mais diferente. Na vida, isso pode ser substituído por coisas que façam seu coração bater, seu sangue pulsar, que façam você achar que tudo valeu a pena.

Então, não pense na vida como um jantar com jiló, abobrinha e chuchu. E sim, numa pizzaria com uma variedade de sabores incríveis, com ingredientes que podem te acrescentar e mudar sua visão. Mas lembre-se, na pizzaria podemos escolher o tamanho, nossa vida não temos isso. Por isso coloque o máximo de ingredientes que puder, para quando acabar, não ficar um gosto de quero mais.




terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Lembranças embaraçosas e inoportunas

[Você pode ler este texto ao som de: Trouble Sleeping - The Perishers]

Dormir é a melhor coisa do mundo. Sua cama quentinha, com seus travesseiros fofinhos, uma coberta para te esquentar. Perfeito! Na hora que você deita, já se sente relaxado e se perde naquela perfeição dos deuses do Olimpo. A cama é o lugar que nós usamos para pensar, descansar, chorar, sorrir, dormir, claro. E sempre, sempre acontece de estarmos quase no mundo dos sonhos e algo vir em nossa mente. Algo que fizemos no passado e temos vergonha.

Sabe aquilo que você falou em um momento inoportuno? Ou aquele fora que você levou? Ou o porre que você tomou? Ou aquela gafe no jantar com os pais da (o) namorada (o)? Sabe tudo isso? Vai aparecer na sua mente de novo, qualquer dia desses. E é horrível! Primeiro que perder o sono já é ruim, segundo que reviver passado embaraçoso só nos deixa mais envergonhados ainda. Dá uma angústia! 

Eu sou a rainha da vergonha alheia antes de dormir. Sempre perco o sono por alguma bola fora que eu já dei nessa vida. E tenho que substituir o pensamento rápido, senão fico horas remoendo aquilo e acabo por me sentir tão mal quanto quando aconteceu.



Meu corpo não é o ideal

Falar sobre o corpo é algo que gera uma certa vergonha na maioria das pessoas. Até em mim, falar sobre isso causa um certo desconforto. Não gosto todos os dias do meu corpo, isso depende de como me vejo no espelho.

Eu tenho celulites, estrias, manchas de sol e espinha, sinais de nascença indesejados. Meu corpo não é nem de longe o tipo de corpo que os padrões querem que eu me encaixe. Falta muita malhação, limpeza de pele, alimentação balanceada. Falta o estalo de vaidade que as revistas querem que eu tenha.

Querem que eu vá para a academia perder a pochete e as partes flacidas do corpo, que eu endureça os glúteos e as coxas, que eu tenha uma barriga de tanquinho, um rosto sem espinhas e marcas de expressão. Querem que eu deixe de ter o meu corpo comum para entrar na onda dos corpos iguais.

Por mais que as vezes eu quase caia na nessa lábia, meu corpo continua imperfeito aos olhos dos padrões. Os mesmo defeito os quais tenho preguiça de melhorar, continuam aqui. Meu corpo não é perfeito, não é o ideal, mas enquanto eu quiser, eu viverei com ele assim.        


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Bem x Mal

[Você pode ler este texto ao som de: Bem ou Mal - NX Zero]

Existe o Bem e o Mal. Mas o que são? No dicionário buscando uma definição rápida se encontra: Bem: sm (lat bene1 Tudo o que é bom ou conforme à moral. 2 Benefício. 3 Virtude.4 Pessoa amada. 5 Proveito, utilidade. 6 Propriedade, domínio. Mal: 1 Tudo o que se opõe ao bem, tudo o que prejudica, fere ou incomoda, tudo o que se desvia do que é honesto e moral. 2 Calamidade, infortúnio, desgraça. 3 Dano ou prejuízo, na pessoa ou fazenda. 4 Qualquer estado mórbido impressionante, como a lepra, a raiva, a tuberculose etc. 5Qualquer doença epidêmica ou reinante. 6 Achaque, doença, enfermidade. 7Castigo, punição, expiação. 8 Tormento, mágoa, sofrimento. 9 Palavras contra alguém ou contra alguma coisa. 10 Inconveniente.

Percebe-se que para definir algo que não é de bom sentimento, vindo do coração, encontramos mais definições do que aquilo que diz que faz bem. Essa é uma discussão de muitos anos, que nunca entra em acordo. Às vezes, o que é bom para você é ruim para outra pessoa e vice-versa. 

O ponto que eu vejo é: não existe bem ou mal. Não existe algo que seja sempre bom ou algo que seja sempre ruim. Tudo tem seu lado bom e seu lado ruim. Juntos. O bem e o mal se completam. Somente nós, seres humanos conseguimos enxergar um lado ruim para tudo. Deus enxergar uma harmonia entre os dois. Um Yin-Yang perfeito, onde tudo é balanceado. Até as coisas ruins tem seu lado bom. 

O que eu quero dizer com tudo isso é que não existe bem ou mal, separados, com forças diferentes. Existe um pouco de mal no bem e um pouco de bem no mal.



Um olhar não diz tudo

[Você pode ler este texto ao som de: Ghost of You - My Chemical Romance]

Quem quer que estivesse reparando no brilho dos olhos de Ana, jamais pensaria que ela estava tramando um assassinato. A forma como ela olhava para seu alvo era tão voraz, que pensariam que ela estava interessada na pessoa cinco bancos à frente no metrô. A vítima sequer sabia que Ana estava ali. Na verdade, a vítima nunca soube que Ana existia. Amores platônicos tem muito disso.

Ana viu Paulo pela primeira vez no ensino médio, eles eram da mesma sala, mas ele nunca a notou. Nunca brincou com ela, nunca a defendeu de nenhuma brincadeira. Nem Paulo, nem ninguém da sala, nem os professores reparavam que Ana existia. Era como se Ana fosse um fantasma naquele lugar. Ela não tinha família. Então, desde que se conhecia por gente, ela era sozinha no mundo. Era uma garota deprimida. Oito anos haviam passado desde que ela percebeu que era invisível para seu amor.

Quando Paulo desceu na sua estação, Ana foi atrás. Com a faca escondida na manga, assim ela se vingaria por seu grande amor nunca ter notado a presença dela. Subiram as escada, chegaram ao bairro Liberdade e Paulo continuou andando, sem saber que estava sendo seguido. Subiu as escadas que davam para seu apartamento. Era de seu costume deixar a porta destrancada quando estivesse em casa. E assim, Ana entrou e viu Paulo deitado no sofá assistindo televisão.

Ela chegou por trás e o golpeou no peito. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete vezes. Parada para descansar, Ana escuta uma risada. Paulo continuava deitado ali no sofá, rindo para a televisão. Ana o golpeou de novo. Nada. A faca entrava e não fazia nada. Foi quando Ana reparou no espelho em cima da televisão. Ela não aparecia. Ana realmente não existia. Era um fantasma. Era por isso que ninguém a reparava. Era por isso que estava sempre sozinha. Ana gritou de desespero, mas ninguém ouviu.


Amor de cachorro

Acredito que animais existam para nos ensinar a amar como eles. Quem nunca viu histórias de cachorros que acompanham seus donos até o túmulo? Ou então de gatos que cuidam de seus donos? Ou de pinguins que são parceiros amorosos o resto da vida? Escutamos e vemos muitas histórias como essas e o mais triste, é que mesmo ficando comovidos com elas, não levamos em consideração para repensarmos nossas atitudes como seres humanos. Os animais vem com prazo de validade. Nós sabemos o máximo de tempo que eles poderão viver e sofremos com isso. 

Eu sou fã de cachorro. A maior vontade da minha vida é ter um cachorro porque ele, e somente ele, vai poder me ensinar o que é amor incondicional. Dizem que quando se é mãe, se aprende a amar assim. Eu duvido muito, vejo muita mãe deixando os filhos de lado, abandonando-os. Um cachorro não faz isso. Se você mostra afeto por ele, ele te mostrará afeto também. E respeito. E carinho. E fidelidade. E reciprocidade. Ele vai estar lá por você e vai te amar, mesmo que você o deixe um dia inteiro sozinho em casa.

O cachorro te mostra como amar unicamente com o coração, sem esperar muita coisa em troca (além dos biscoitos, é claro). Ele vai te lamber quando você estiver triste e pular quando você estiver alegre. Ele vai uivar e chorar de tristeza por estar sozinho e vai ficar amuado em um canto quando você estiver dando uma bronca nele. Cachorro é mais humano que muito ser bípede que está andando por aí. Por isso, na próxima vida, eu quero vir cachorro.



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Mãe

Eu nasci em 2 de junho de 1992. E a única coisa que me chamou a atenção no vídeo do meu nascimento, foi o meu pai falando "Dou um close aqui, agora darei um close lá", se referindo à minha irmã.

Nunca soube como é ter um pai e uma mãe morando na mesma casa, ser criada pelos dois e tudo mais. Meu pai mudou para São Luís quando eu tinha 1 ano e meio, então eu só tenho o modelo feminino da família. Não que meu pai tenha sumido no mundo, eu vejo ele com uma certa frequência. 

Mas uma coisa que eu reparei na minha educação, que é diferente de muitos conhecidos, colegas e amigos meus, é que minha mãe não me criou para ficar dependendo dela e sim, para que eu abra minhas asas e voe sozinha. O lema dela sempre foi "se vira". Conversando com minha irmã, chegamos a conclusão que, se ela não tivesse nos criado assim, nós não estaríamos aonde estamos hoje, não teríamos conquistado nada e nem dado motivo algum de orgulho.

Ser criada dessa forma, me faz encarar a realidade de uma forma mais preta e branca. Porque se eu quero conquistar algo, tenho que me virar sozinha mesmo, ninguém vai me ajudar a chegar lá. 

Então eu agradeço a minha mãe, que me ensinou a lutar sozinha, que sempre demonstrou garra para conseguir tudo o que quis e uma força indescritível para criar duas filhas e que dedicou 30 anos da vida para tornar eu e minha irmã duas mulheres fortes para enfrentar o mundo.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Sobresalto

[Você pode ler este texto ao som Wake Up - Rage Against the Machine]

Terça-feira 17 de fevereiro de 2015

Querido diário,

A festa ontem acabou a 1 da manhã. Acabou pra mim, né? Porque a festa em si continua. Mas aconteceu algo muito estranho.

Quando eu cheguei, todos os móveis estavam diferentes, a decoração estava diferente, tudo havia mudado de cor, forma, lugar, jeito. Eu entrei em pânico! Achei que poderia ter entrado no apartamento errado. 

Fui até a porta e olhei bem o número e aquela era realmente a minha casa. Só para constar, eu moro sozinha em Florianopólis e minha mãe e meu pai moram na Bahia. Eu fui andando e reparando cada detalhe daquela decoração nova. 

Era tudo um estilo gótico, sombrio. Havia lampiões, velas, como nos castelos antigos dos livros que eu leio. Quando chego no meu quarto, vejo um homem sentado perto da lareira. Era ali que eu ia morrer. Quando o homem se vira para mim e diz:

- Jane, é você?

Acordei num sobresalto! A decoração estava normal, não existia nenhum homem sentado na poltrona e nenhuma lareira. Bendita hora que fui me envolver tanto com o livro Jane Eyre.