[Você pode ler este texto ao som de: Nós Vamos Invadir Sua Praia - Ultraje a Rigor]
Tem três crianças sentadas em uma tora próxima a um córrego. Uma olha pro céu e diz:
- Que calor do diacho!
O córrego na frente deles estava completamente poluído. Para aquela comunidade carente, aquele córrego era a única salvação pra livrarem-se do calor que fazia no Rio de Janeiro. Mas ninguém se importou com isso na hora de jogar o lixo.
Com os olhares pesados de tristeza e o suor pingando de seus corpos, eles decidiram ir à praia escondido. Não tinha outra maneira, era aquilo ou morreriam ali mesmo de calor. Pegaram a linha que ia para Copacabana e desceram. Eles não podiam frequentar nenhum posto pois eram enxotados dali como cachorros.
Foram pro mar e ficaram por lá mesmo. Passaram-se uma, duas, três horas e eles não saíam da água. Quando enfim resolveram sair, quando estavam indo embora a polícia enquadra eles.
- Mãos na cabeça, molecada. O que que vocês querem aqui? - disse o policial.
- A gente não quer nada não, dotô. Tamo aqui só pra se refrescar mesmo. Já tamo indo. - disse o mais velho deles, que tinha 12 anos.
- Refrescar o escambau. Tão aqui querendo fazer arrastão que eu sei. Conta historinha pra mim não moleque. - e deu uma cacetada no menino que o derrubou no chão.
- A gente não tá querendo nada não, dotô! A gente não tá querendo nada não! Tamo indo embora já. O sinhô não precisa partir pra violência não. - gritava o menino em prantos, com as pessoas que estavam na praia observando a cena e gravando.
- Vaza daqui. Vocês não pertencem a este lugar.
E eles foram embora, de cabeça baixa, com dor na autoestima, com o orgulho ferido. Se até a praia era proibido, onde estava a liberdade que tanto falam que eles tinham?
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