sábado, 15 de novembro de 2014

Resquícios de você

[Você pode ler este texto ao som de Metade - Adriana Calcanhoto]

E eu ainda sinto sua presença aqui quando eu acordo. Mesmo após meses lavando a roupa de cama e trocando o colchão de lado, parece que o lado que você dormia ainda possui o seu calor e perfume. Eu olho para o seu lado da cama e me dá um aperto no peito. Por que é que você se foi mesmo? Não tinha café suficiente? Era por que eu queimava o misto quente na misteira? Eu fico tentando imaginar mais porquês além do que você me falou.

Meu chuveiro continua na temperatura ideal para você. Sabe o que é? Depois de tanto tempo, meu corpo se adaptou à sua temperatura. Às vezes, eu ainda coloco uma terceira toalha no banheiro e logo lembro que não há necessidade. Certos detalhes seus ainda não consegui afastar de mim.

Dia desses estava fazendo uma limpa nas minhas coisas e me deparei com uma foto sua. Nunca pensei que meu coração pudesse se apertar tanto. Confesso que não teria conseguido jogar a foto fora se não fosse alguém vir aqui e fazer isso por mim. Jogar fora o passado dói.

Confesso que até entendo o motivo de você ir embora, afinal a vida acontece agora e a sua tinha que acontecer do outro lado do mundo. Vejo suas fotos sorrindo e se divertindo e fico feliz, afinal foi o que te desejei quando você falou que ia embora, que fosse mais feliz que tudo. Dizem por aí que amor é isso: ficar feliz pela pessoa mesmo ela tendo escolhido ser feliz longe de você.

Chegará o dia em que eu não irei mais sentir sua presença, seu cheiro, voltarei com a temperatura normal para o meu chuveiro e os vestígios que você deixou irão desaparecer por completo. Mas tudo bem, porque por mais que tudo isso desapareça, ainda terei em meu coração um pouco do melhor sentimento que alguém poderia me proporcionar. 


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