sábado, 6 de abril de 2013

Carta da razão para a emoção: uma saudade assumida


Olá coração! Como vai você? Há quanto tempo não brigamos. Tenho estado muito preocupado com você de uns tempos pra cá. Seu ritmo anda automático, sem acelerações repentinas ou mini paradas cardiorrespiratórias quando via alguém especial. Desde que você se recuperou da nossa última briga não tenho feito nada além de receber o sangue que você bombeia pra mim. Sério, aquela nossa última briga foi tão feia a ponto de você se trancar dentro do peito da nossa dona?

Eu sei que te chamei de burro várias vezes, falei que você não prestava, que sempre pulsava pela pessoa errada, mas ei! Não precisava se trancar e se fechar assim não! Os olhos continuam procurando alguém, os ouvidos tem escutado muitas palavras doces, a boca tem beijado algumas outras bocas, o nariz tem prestado mais atenção ao cheiro das pessoas e até o tato tem trabalho arduamente pra encontrar um encaixe perfeito para entrelaçar as mãos.

Olha pro lado: que tal aquele careca tatuado? Não? E que tal aquele nerd que segue em direção ao cybercafé? Nada? Nem uma pequena acelerada? E o que você me diz do fortão ali, personal trainer da academia? Nada também? Olha, você precisa voltar a ativa. O estômago tem reclamado que sente falta das borboletas nele, as pernas já andam firmes e fortes e dizem não aguentar mais isso.  O corpo todo depende não só de mim, mas de você também, pra trazer de volta todas aquelas reações que a gente não suporta, mas ao mesmo tempo não vive sem.

Você já se recuperou da nossa última briga, afinal já se passaram alguns anos e você se aquietou. Olha aqui pra cima, não sei se você consegue me ver com tantos ossos, órgão, veias e afins nos separando, mas presta atenção no que vou te dizer: volta a ser chato. Volta a fazer suas burrices, a me fazer parar de pensar direito. O corpo todo sente sua falta. Eu sinto sua falta! Saudade de falar: coração burro, só faz besteira e ama quem não deve!

Você pode sair da sua caverna e voltar a bater freneticamente por alguém, por favor? Eu não aguento mais pensar em estudo, trabalho, politica e afins. Volta a ser teimoso, porque sua função, além de bater, é essa: nos fazer esquecer de fazer as coisas direito.

Com sinceras saudades,

Cérebro.


Um comentário:

  1. A que texto gostoso de ler, mais ainda bem que só meu cérebro leu ele!uahauha Brincadeiras a parte, a paixão sempre nos empolga!

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