Ela passa o rímel e o batom ao som de “Stupid Girl” da Pink.
Ele espera no carro pensando “Por que eu saí mais cedo sabendo que ela ia
atrasar?”. Ela borrifa o perfume. Ele abre um chiclete de menta. Ela abre a
porta do carro e se ajeita. Ele observa a cena que já se repetiu mais de cem
vezes, mas que não cansa de ver de novo.
Ela coloca o cinto e finalmente o cumprimenta. Ele não move o carro
enquanto o ritual de entrada não é finalizado com o beijo de “Olá”. E assim,
eles seguem o caminho pra sei lá onde, fazer sabe-se lá o que.
No carro, ele reclama dos problema no trabalho: o excesso de
cobrança do chefe, a falta de pro atividade do colega de trabalho, o prazo
curto pra entrega dos papéis, dentre outros. Ela escuta todos com muita
atenção, mas não nega que se perde um pouco quando escuta uma música que gosta
no rádio e tenta memorizar uma frase para procurar depois. Ela dá conselhos,
faz cafuné nele enquanto ele dirige. Ele coloca a mão na coxa dela e sorri
pensando “Amo quando ela vem de short e posso sentir a pele lisinha da coxa”.
Ela conta que não gosta de uma matéria deste período da
faculdade e que as brigas com seu irmão tem tomado proporções absurdas, do
ponto de os pais não deixarem eles sozinhos em um cômodo mais. Ele diz que isso
é coisa de irmão e que quando ela menos esperasse as coisas se resolveriam. Ela
diz “É...” e olha absorta pra janela. “Ela tá com fome”, ele pensou e minutos
depois ela diz que está com fome.
Ele conhece ela, ela conhece ele. Eles se conhecem. “Amigos
acima de qualquer coisa” eles prometeram um ao outro quando deram seu primeiro
beijo após serem apresentados por um colega em comum. Eles se cuidam, se
ajudam, se apoiam. Buscam no outro não se completar e sim, adicionar. Eles não
acreditam em alma gêmea, mas acreditam que o amor eterno, de vidas passadas,
possa existir. Eles se amam, compartilham, brigam, voltam. Ela chora, ele
emburra. Eles sorriem. Eles vivem juntos, eles se entregam um ao outro. Eles
não tem a vida em dupla que desejaram, mas eles fazem o possível para
melhorá-la. E assim eles são felizes. Extremamente felizes.
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